quinta-feira, 17 de maio de 2007

Vidas. Cinzas.

Salvador não passeia mais com o vira-lata.

Não colhe mais seus excrementos pelas calçadas.

não paga as contas e nem a hipoteca da casa.

Não passa mais noites acordado.

Nem sente mais as pernas adormecidas.

Não escuta mais os gritos dos moleques brigando.

Nem o da mulher mandando ele virar gente.

Salvador não tem mais que ser super-homem.

Ir ao supermercado.

Levando sua listinha escrita no papel amassado do pão passado.

Ele não come mais agrotóxicos.

Não tem mais que encarar o rosto pálido no espelho.

Nem colocar a máscara para esconder sua verdade.

Não precisa mais fazer tipo de intelectual.

E impressionar os amigos emergentes.

Ele não paga mais a mensalidade para entrar no céu.

Nem homens morrendo por causa de seus deuses.

Salvador não precisa mais eleger presidente.

E nenhum outro sujeito estampado nos santinhos [aqueles que de santo não têm nada].

Ele não vai ser mesário mais.

Nem vai ajudar os semi-analfabetos encenarem o papel de cidadãos.

Salvador não vai mais tentar salvar o mundo.

E nem vai ser fantoche da vida mais. Nunca mais.

- Agora entendo porque dizem que ele foi dessa para melhor.

2 comentários:

Thalmo disse...

Massa o texto. Eu também não limpo mais o cocô da Bell. Tadinha, sumiu...sniff....kkkk

Elisa Quadros e Valeria Semeraro disse...

pelo que vejo aqui, o mundo dos blogs ganhou um muito legal:)
beijos, val.